TRT-CE e MPT-CE encerram Seminário focado no enfrentamento do trabalho escravo doméstico
- Página atualizada em 13/11/2025
O seminário “Por trás das portas: a invisibilidade do trabalho escravo doméstico” foi encerrado na sexta-feira (7/11), no auditório do Ministério Público do Trabalho (MPT/CE), em Fortaleza. O evento foi realizado em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, através da sua Escola Judicial (Ejud7), o MPT/CE, dentre outras instituições. A programação concentrou-se no enfrentamento do Trabalho Escravo Doméstico, reunindo especialistas de diversas esferas para debater e traçar estratégias de ação.
Painéis de debate e desafios
A manhã de debates foi dividida em dois painéis centrais. O primeiro, abordou a "Identificação e Denúncia de Trabalho Escravo Doméstico: Orientações sobre canais de denúncias e procedimentos legais". A mesa foi coordenada pela OAB/CE.
A auditora fiscal do trabalho, Elizabeth Alice, detalhou o rigoroso fluxo de fiscalização do trabalho análogo à escravidão. Ela explicou que as denúncias recebidas são encaminhadas e depois é realizada uma triagem para verificar se o relato é "robusto o suficiente" para uma ação fiscal. Segundo a auditora, a fiscalização de trabalho escravo é necessariamente feita em rede, envolvendo a Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria da União. Essa complexidade logística e a necessidade de uma "certeza" da robustez da denúncia se devem ao fato de que não existe ação fiscal apenas de verificação nesse tipo de caso.
Em seguida, a procuradora regional do trabalho, Guadalupe Couto, ressaltou que o trabalho escravo doméstico é a atividade mais difícil de ser combatida pelo MPT. A dificuldade principal reside no fato de o crime ocorrer "entre quatro paredes", tornando a denúncia a via essencial para a tomada de conhecimento dos casos. A procuradora explicou que a inviolabilidade do domicílio (garantia constitucional) impede o ingresso sem autorização, sendo necessário instaurar uma ação de tutela cautelar para obter liminar judicial e realizar a inspeção, sempre atuando em conjunto com a fiscalização do trabalho.
Dando continuidade ao tema, ocorreu o painel "Trabalho Escravo Doméstico: Enfrentamento no âmbito penal". O debate focou na responsabilização criminal dos infratores. Teve como mediador o juiz federal Emanuel José Matias e como debatedores o advogado do escritório Frei Tito José Fontenele; a docente da UFMG Lívia Miraglia e a procuradora do Trabalho Christiane Nogueira.
Encerramento e Encaminhamentos
O evento foi concluído com a leitura da Carta de Fortaleza, um documento que sintetizou as propostas discutidas ao longo do seminário e delineou os encaminhamentos concretos para ações futuras, reforçando o compromisso das instituições de Justiça e da sociedade civil no combate efetivo ao trabalho escravo em todas as suas formas.













