36º Odisseias Literárias debate envelhecimento à luz da obra “Humanos Exemplares” (2)
- Página atualizada em 06/10/2025

Na última quarta-feira, 1º de outubro, Dia do Idoso no Brasil, o Projeto Odisseias Literárias do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-CE) recebeu a jornalista e estudante de psicologia Regina Ribeiro para debater e despertar uma reflexão aprofundada sobre o envelhecimento. O evento, realizado na Biblioteca do Tribunal, teve como base o romance “Humanos Exemplares”, de Juliana Leite. Esse encontro, aberto ao público, alinhou-se ao Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade.
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A mediação ficou a cargo da bibliotecária Rejane Albuquerque, que também é coordenadora do Projeto Odisseias Literárias. Rejane enfatizou a importância do debate sobre a terceira idade, destacando que o idoso, na nossa sociedade, é muitas vezes invisibilizado, tratado com descaso, e que esse é um tema de grande relevância que necessita de mais atenção. A convidada Regina Ribeiro, por sua vez, analisou o caráter inovador de “Humanos Exemplares”, notando como a obra subverte a representação tradicionalmente negativa da mulher idosa na literatura: "Normalmente, autores homens idolatram a juventude feminina, enquanto a velhice feminina é sempre tratada como perda, decadência." Ela enfatizou a importância de a autora Juliana Leite dar voz à protagonista centenária, Natália, que narra sua vida com autonomia, desafiando a visão da velhice feminina. “Ela não é reduzida a um corpo que perdeu sua função; continua pensando, lembrando, vivendo”, concluiu Regina.
Ao longo do evento, Regina Ribeiro e Rejane Albuquerque teceram reflexões sobre a jornada de Natália, destacando que os idosos são indivíduos ativos, capazes de ressignificar suas memórias e encarar a finitude com dignidade. Regina pontuou que a memória, para Natália, é uma forma de mantê-la viva: "Ela ressignifica a memória, convive com ela e continua vivendo de forma autônoma, mesmo diante da morte do marido”. Complementando, Rejane ponderou: “Falar do envelhecer é também pensar na finitude. É aprender que o fim vai chegar, e é possível lidar com isso de forma consciente, sem pânico, construindo sentido para a própria vida. O envelhecer é um processo que nos oferece a oportunidade de revisitar nosso próprio eu, refletir sobre a essência, sobre o que é importante e sobre como queremos viver o tempo que nos resta.”
A 36ª edição do Odisseias Literárias pautou a velhice como uma fase de continuidade e aprendizado, na qual memória, experiência e autonomia se entrelaçam para conferir sentido e significado à vida. Ao discutir a trajetória de Natália, Regina Ribeiro e Rejane Albuquerque evidenciaram o idoso como um sujeito ativo, capaz de ressignificar memórias e enfrentar a finitude com dignidade.
O evento proporcionou ao público uma reflexão valiosa: viver plenamente não tem idade, e a literatura emerge como uma ponte para a empatia, o autoconhecimento e a compreensão do outro.