Shows de hip-hop marcam o encerramento do projeto “Partiu Aula” no TRT-CE
- Página atualizada em 05/12/2025
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT-CE), encerrou com sucesso a fase de culminância do projeto sociocultural e educativo “Partiu Aula TST”, uma iniciativa que utiliza a cultura hip-hop como ferramenta estratégica para a erradicação do trabalho infantil e a promoção da aprendizagem. O evento, ocorrido na tarde desta sexta-feira (5/12), nos jardins da casa sede do TRT-CE, reuniu cerca de 400 jovens de escolas públicas e unidades socioeducativas de Caucaia e Canindezinho, no Ceará, além de autoridades da Justiça do Trabalho, que destacaram o estudo e a capacitação como o caminho essencial para mudar a realidade de vulnerabilidade.
O Partiu Aula tem como propósito fomentar o combate ao trabalho infantil e incentivar o trabalho decente. Por meio de uma linguagem acessível e dinâmica, a iniciativa alcançou as comunidades com uma série de talk shows, oficinas criativas e as aclamadas batalhas de rima, disseminando direitos humanos, fortalecendo a cultura de paz e estimulando a reflexão sobre o futuro profissional dos participantes.
O rapper Rafa Rafuagi, que realizou as dinâmicas em cerca de 10 escolas cearenses durante a semana, também agitou a festa de encerramento do projeto, cantando raps e interagindo com a público presente, incentivando a participação dos jovens com rimas e também com perguntas sobre trabalho infantil.
Resultados do projeto
A desembargadora Fernanda Uchôa, presidente do TRT-CE, deu as boas-vindas à celebração, marcando a união entre justiça, educação, cultura e juventude. Segundo a magistrada, o projeto ultrapassa o espaço institucional para alcançar "vidas, territórios e sonhos". Ela ressaltou o objetivo transformador de aproximar a Justiça do Trabalho da comunidade, especialmente dos jovens, por meio de uma linguagem conectada à realidade local.
O ministro do TST Alberto Bastos Balazeiro, gestor nacional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil , reforçou a visão institucional ao afirmar que a iniciativa visa oferecer aos jovens um "horizonte de oportunidades". Ele insistiu que “a aprendizagem é o que dá oportunidade, o caminho".
Em entrevista, o ministro destacou que “a Justiça de 2025 não pode ser mais uma Justiça parada, aguardando que a demanda chegue. É uma Justiça que deve ir aonde as pessoas estão, onde os problemas estão". Ele defendeu o uso de uma linguagem de comunicação que os jovens conhecem, como o hip-hop, para que a mensagem chegue com eficácia.
O gestor regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem do TRT-CE, desembargador Durval Maia, enfatizou a importância da ação no enfrentamento ao trabalho infantil, classificando-o como uma "chaga tão grande". Ele explicou que “o trabalho precoce fortalece o ciclo da pobreza, afastando a criança da brincadeira e da capacitação necessária para competir em um mercado de trabalho moderno”.
Para além das discussões, o projeto entregou resultados práticos, como a doação de dez computadores para cada uma das escolas participantes e um carregamento de 2.600 livros, visando incrementar o parque tecnológico e garantir estudo com dignidade e conforto. A mobilização incluiu, ainda, uma audiência pública bem-sucedida na Câmara Municipal de Caucaia, onde entidades da rede de proteção puderam manifestar suas preocupações e apresentar sugestões de soluções.
Participação dos jovens
O engajamento dos alunos foi notado durante todo o evento. Os alunos vencedores das batalhas de rimas foram chamados ao palco para receberem certificados. Jovens do Canindezinho também tiveram espaço para entoarem seus próprios versos de rap. O público vibrou com a apresentação autoral, demonstrando o talento e o potencial catalisador do projeto.
Apresentações de rap e hip hop também foram feitas pelos grupos CGC, da Aldeia Hip Hop de Caucaia, e Ceará Rappers, em um show que também contou com dança.
O professor Manoel Marcondes, da EEMTI Vicente Arruda, relatou que “o testemunho do rapper Rafa mexeu demais com os alunos, ao permitir que vissem uma realidade igual à deles sendo transformadas. A história de Rafa, que abordou as vezes em que precisou sair de casa devido à violência, gerou grande identificação e esperança entre os estudantes”.
Essa conexão foi confirmada pela estudante Ana Sofia Silva Afonso. Ela descreveu a sociedade como "muito perdida" e disse que muitos jovens desistem da escola por questões financeiras ou de alimentação. Para ela, “o projeto, ao usar o ritmo e a cultura do hip hop, consegue acesso aos jovens e tem o poder de mudar a cabeça de crianças e jovens de forma radical".
A desembargadora Fernanda Uchôa concluiu que o encontro não é um encerramento, mas a consolidação de um compromisso coletivo, “garantindo que a juventude encontre oportunidades, acolhimento e caminhos de dignidade". O desembargador Durval Maia reforçou a mensagem, indicando que a culminância é apenas um "pontapé para que outras ações venham para combater o trabalho infantil".
Entre as autoridades presentes no evento de encerramento do projeto “Partiu Aula” estavam: os desembargadores do TRT-CE João Carlos de Oliveira Uchoa, corregedor-regional, e Paulo Régis Botelho, diretor da Escola Judicial; as juízas do trabalho auxiliares da Presidência do TST Izabela Pinto e Eliana Nogueira; a defensora pública Yelena Galindo, representando a Defensoria Pública do Ceará; Fabiana Pimenta, assessora especial do Sistema de Atendimento Socioeducativo do Ceará; Antônio de Oliveira Lima, procurador do trabalho coordenador da Rede Peteca; a procuradora Christiane Nogueira, representando o Ministério Público do Trabalho no Ceará; Francivaldo Lemos, secretário-geral adjunto da OAB-CE; e os juízes do trabalho Hermano Queiroz, Rafael Xerez, Célio Timbó e Vladimir de Castro.
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