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TRT/CE debate sobre trabalho, saúde e conflitos sócio-ambientais

“Trabalho, Conflitos Sócio-Ambientais e Saúde-Doença no Ceará”, foi o tema da palestra proferida pela professora Raquel Maria Rigotto, do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, no Auditório do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará – 7ª Região, na última quarta-feira, dia 30 de setembro.

A iniciativa, organizada pela Eco-Sétima - Comissão de Gestão Ambiental do TRT/CE, juntamente com a ERMAT/CE - Escola Regional de Magistratura do Trabalho do Ceará, permitiu questionamentos sobre a idéia de desenvolvimento difundida pelos diversos meios de comunicação, pelas grandes corporações mundiais e por grande parte dos indivíduos.

“Segundo alguns autores, como a doutora Cristina Laurell, afirmou a professora Raquel Rigotto, a ilusão generalizada difundida pela Europa e pela América do Norte é colocada como uma idealização de prosperidade do homem e da sociedade. Toda essa utopia surge e se expande juntamente com a burguesia e é uma crença compartilhada pelos diversos atores sociais. Se fôssemos seguir à risca o que se estabeleceu mundialmente como desenvolvimento, seria necessário termos três planetas Terra”.

A professora falou ainda sobre uma crescente “desorganização da sociedade”, com a busca feita por grandes empresas de Primeiro Mundo, que estão deixando de lado seus locais de origem, buscando novos lugares, como países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que ainda não são bem organizados, com sindicatos fortes. “Com essa mudança de territórios, vemos crescer também o acesso desigual aos recursos naturais, a distribuição desigual dos benefícios do desenvolvimento, ficando os trabalhadores de baixa renda com a maior parte dos danos ambientais provocados por esse processo, assim como existe também um processo de exclusão dessas pessoas nos processos de tomada de decisões”, explica.

Raquel Rigotto apresentou também parte de um estudo, feito por ela em todo o Estado do Ceará, que evidencia o crescimento dos acidentes de trabalho, com a mutilação de trabalhadores em muitos casos e a existência de trabalho infantil no contexto da indústria calçadista.

“Durante as entrevistas que fiz na Região Metropolitana de Fortaleza e na Região Norte do Ceará, muitos desses trabalhadores queixaram-se do constrangimento ocasionado pela restrição do uso do banheiro e do acesso à enfermaria, da falta de boas condições de trabalho, dos maus tratos, da imposição gratuita de autoridade, da pressão no ambiente de trabalho, dentre muitas outras atrocidades”, revelou a professora.

Ela criticou, ainda, o processo de deterioração dos manguezais no Ceará causado pela criação de camarões e a sua conseqüente exportação a altos preços, além da fruticultura associada ao agronegócio na Região do Baixo Jaguaribe, que compromete o meio ambiente e a saúde, além de expulsar os camponeses nativos do local, quando não os transforma em proletários desses grandes empreendedores.

“Somente no ano passado, disse, 673.862 toneladas de agrotóxicos foram despejadas nos solos e plantações do Estado, o que gerou 7,125 bilhões de dólares ao agronegócio, que não se intimida em usar esses produtos químicos em locais próximos a rios, que são utilizados pela população desse locais”.

Neste mesmo sentido, ela posicionou-se contrária aos métodos utilizados no Complexo Portuário do Pecém. “O combustível utilizado lá é o carvão mineral, que polui o meio ambiente muito mais do que qualquer outro combustível, gerando impactos sócio-ambientais e doenças respiratórias. Além disso, muitas famílias estão sendo desapropriadas na região”, declarou.

Logo após a palestra, todos os magistrados, servidores e o público em geral, formado por representações de movimentos sindicais, dirigiram-se à Biblioteca Aderbal Nunes Freire do TRT/CE, onde a professora Raquel Rigotto autografou o livro de sua autoria, intitulado “Desenvolvimento, Ambiente e Saúde”.

Finalizando a programação, a EcoSétima distribuiu canecas aos presentes, no intuito de promover a diminuição da produção de lixo com a eliminação do uso de copos descartáveis.