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Têmis venceu Ícaro

Quando foi seu primeiro vôo solo?
Tinha eu 19 anos de idade. Como aluno, havia ingressado no Aeroclube do Ceará em dezembro de 1972, inicialmente, recebendo aulas teóricas, de navegação aérea, regulamentos do tráfego aéreo, meteorologia aeronáutica, aerodinâmica e conhecimentos técnicos e motores. Encerrada a fase de aulas teóricas, submeti-me aos exames do DAC, àquele tempo realizados numa mesma data em todo o Brasil. Uma vez aprovado e, permitam-me a imodéstia, com as maiores notas de todo o País, habilitei-me ao início da etapa prática do curso de pilotagem. Ao contar com 16 horas de vôo, em treinamento duplo-comando, tive a inefável emoção de voar sozinho pela primeira vez, sob a fidúcia de meu instrutor Laerte de Castro Alves, por quem fui surpreendido, em um dado e inesperado momento, durante um exercício de pousos e decolagens, quando, na cabeceira da pista 13 do "Alto da Balança" (pista da Base Aérea e até recentemente utilizada pelo Aeroclube do Ceará), recebi dele, que, desatando seu cinto de segurança, se preparava para deixar a aeronave, a determinação de efetuar, por minha própria responsabilidade, mais duas decolagens sucessivas. Em ambas, como igualmente nos dois pousos correspondentes, fui muito bem sucedido, por mercê de Deus. Ao final, a emoção dobrou. Notei, ainda a bordo da aeronave, enquanto a taxiava, que, dentre tantos que ali se encontravam, assistindo ao meu "solo", estavam, avisados, com a devida antecedência, pelo instrutor, mas sem lhe haver quebrado o tradicional segredo, meus queridos pais. Confiantes no filho que ali vencia, talvez, seu primeiro desafio na vida, eram eles só sorrisos de felicidade! Meu relógio marcava 16:15 h. Era uma bela tarde ensolarada de sábado. Era o dia 12 de outubro de 1973. O mais emocionante de toda a minha vida...!

E o Brevet quando recebeu?
Outra grande alegria. Meu brevet, consagrando-me, definitivamente, aviador civil, por chancela do então Ministério da Aeronáutica, recebeu o nº 6.059-DAC e me foi entregue em 12 de março de 1974.

Qual a emoção que se sente ao pilotar, principalmente sozinho, um avião, por pequeno que seja ele?
É indescritível... Para mim foi inigualável. Têm-se, sobretudo, o prazer de voar, a sensação de liberdade, de domínio do homem sobre a máquina e as leis da física, a exclusividade do poder de decisão, mas, também, de responsabilidade por si, pela área sobrevoada e pelo controle da aeronave.

Voar foi um divertimento, um esporte, ou lhe passou pela cabeça tornar-se um piloto profissional?
Divertimento também. Tenho um ex colega de Aeroclube, hoje Comandante da TAM, que costuma brincar, quando nos encontramos, afirmando: Decidi por ser piloto, Antonio Marques, porque, diferentemente de você, prefiro voar a ter de trabalhar.
Em verdade, ingressei no Aeroclube com o ideal de vir ser piloto profissional. Aliás, já em criança, eu costumava apregoar aos quatro ventos que, quando crescesse, viria a ser um piloto da Panair.
A Panair do Brasil foi, induvidosamente, à sua época, uma Companhia Aérea fascinante, seja pela magnitude de seus equipamentos (o Constelation, o DC-8, etc) ou a magia, a extensão e o pioneirismo de suas rotas, mas, também, pela elegância irrepreensível de sua tripulação, no vestir e no lidar com os passageiros, e, sobretudo, pela excelência de seus serviços, desde a venda de passagens, o festejado serviço de bordo, até o rígido controle da segurança de seus vôos, e tudo isso me embevecia... A Cruzeiro do Sul, com o seu Caravelli, foi também fonte de inspiração ao meu entusiasmo juvenil pela aviação.
Entretanto, já com o brevet de piloto comercial, percebi, por diversas circunstâncias, que Deus guardava, dentre seus insondáveis desígnios, outros planos para o meu futuro. Mas, confesso: Ainda hoje, guardo a mesma paixão que nutria na infância e na primeira juventude pela mais glamourosa das carreiras.

Por que a opção pelo Direito?
A par da aviação, a carreira jurídica, embora em segundo lugar, fez-se-me sempre encantadora, pela beleza dos postulados do direito, a riqueza de suas normas, suas formulações interpretativas, etc. Aliás, de lembrar-se, aqui, a célebre provocação de Clóvis Beviláqua: "Que poema haverá mais belo que as sábias construções do direito, que semeiam a paz e concórdia derramando sobre as consciências a claridade confortante da justiça".