Dia Nacional do Livro Infantil: “Estudar, brincar e ler”
- Página atualizada em 20/04/2023
Saímos sob chuva, por volta das 8h. “Qual o endereço?” indagou o comunicativo motorista Hélio. Rejane, a bibliotecária do Tribunal, disse que seria melhor colocar o endereço em um aplicativo de GPS. O bairro era distante, ela não sabia precisar onde ficava a rua. O destino da equipe de apoio à gestão regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem era a biblioteca comunitária do Quintal Cultural Raimundo Vieira. Lá, participaríamos de uma roda de leitura infantil. Uma ação do Programa em homenagem ao Dia Nacional do Livro Infantil – 18 de abril.
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Após 45 minutos de viagem, chegamos a uma rua com casas modestas no Bairro Granja Lisboa. Pela fachada do endereço residencial não é possível identificar uma biblioteca. Ingressamos na residência acompanhados de sua proprietária, Lenice Ferreira. Somente lá no final da casa, bem no final, no fundo do quintal, encontramos um grupo de crianças que participava de uma roda de leitura. Sentadas em um palco de alvenaria, estante de livros ao lado e uma decoração que mesclava temas infantis com objetos antigos, elas ouviam atentamente o voluntário Josué Santos, integrante do coletivo Cabrinhas Leitores.
O juiz do trabalho Célio Timbó, último integrante da nossa equipe, já havia chegado ao local. O magistrado, que é um dos gestores regionais do Programa, demonstrava ótimo entrosamento com a criançada e fazia intervenções entre uma página e outra do livro lido por Josué. “Quem pode repetir as três coisas mais importantes para acrianças fazerem? Quem lembra?”, perguntou o magistrado. “Estudar, brincar e ler”, respondeu uma garotinha que demonstrava ser a mais entusiasmada da turma.
“Hoje, 18 de abril, é o Dia Nacional do Livro Infantil.” Continuou o magistrado. “E por que escolheram essa data? É a data de nascimento de um brasileiro que escreveu muita literatura infantil. Qual o nome desse brasileiro? Tia Rejane sabe e vai explicar para nós”. Para instigar as crianças, a bibliotecária as indagou: “quem lembra dos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo?” A maioria levantou a mão. “Eu, tia! a Emília, o Pedrinho, a Cuca, o Saci”, respondeu um garoto. “Pois aquela série da TV foi baseada em um dos livros de Monteiro Lobato. Esse autor brasileiro escreveu muitos livros infantis. E essa data foi criada para a gente lembrar a importância desse escritor”, completou Rejane.
Segundo nossa anfitriã Lenice, o Quintal Cultural Raimundo Vieira atende atualmente 51 crianças carentes daquela comunidade. Além das rodas de mediação de leitura, a biblioteca comunitária também promove aulas de dança, capoeira, sarau de poesias e peças teatrais. A ideia do espaço surgiu quando Lenice se afastou do trabalho por problemas de saúde. Ela é servidora aposentada da Secretaria de Saúde do Estado. Como também é escritora e poeta, teve a ideia, em 2018, de construir um palco no seu quintal com o nome de seu pai, que também era poeta. A inciativa atraiu muitas crianças e adolescentes e hoje virou referência no bairro e adjacências.
As rodas de leitura, uma das maiores atrações do local, são feitas por voluntários do coletivo Cabrinhas Leitores. Dirigidos por Tiaia Tavares, os voluntários fazem rodas de mediação de leitura com obras literárias direcionadas a crianças e jovens frequentadores das bibliotecas comunitárias de Fortaleza. O coletivo também organiza visitas das crianças a espaços culturais, como museus e bibliotecas.
No final da programação, o juiz Célio pediu para as crianças repetirem mais uma vez as três coisas mais importantes que elas devem fazer. Dessa vez, a resposta veio em um só coro: “Estudar, brincar e ler”. A equipe presenteou as crianças com brindes do Programa (livros, gibis, bolsa, garrafinha d'água, canetas e camisetas). “Hoje o nosso evento foi super cativante. Achei muito proveitosa a visita e todo o envolvimento que tivemos com as crianças. Muito bom receber todo o carinho dos Cabrinhas. Agradeço a todos que se envolveram no evento”, declarou o gestor regional do Programa.