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Em aula magna do TRT/CE, Márcio Pochmann trata da desvalorização do trabalho no século XXI

O ano letivo da Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (Ejud7) foi inaugurado, na quinta-feira (6/2), com uma aula magna do professor e pesquisador de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Márcio Pochmann. No evento realizado na sede do TRT/CE, em Fortaleza, o especialista defendeu que o trabalho está sendo desvalorizado, fenômeno que pode ser explicado por fatores como a desindustrialização e avanço da terciarização das economias; globalização; proliferação de trabalhos precários e pela falsa afirmação da substituição da mão de obra por robôs.

Segundo o professor da Unicamp, estamos passando por um processo de “decrescimento”, com ameaças à nossa democracia, e um processo de exclusão social com indicadores negativos, principalmente do desemprego, que atualmente é três vezes maior que o da metade da década passada. “O trabalho, dentro do contexto capitalista surgido a partir do início deste século, vem sofrendo uma desvalorização significativa”, avalia.

Para o pesquisador, uma primeira explicação para a desvalorização do trabalho seria provocada pela desindustrialização e o avanço dos serviços por meio das tecnologias de informação e comunicação. “Nas atuais sociedades de serviços, a centralidade do trabalho desloca-se das atividades de local determinado em estabelecimentos, para a generalização da prestação de serviços cada vez mais exercidos em qualquer lugar e horário por ocupados multifuncionais”.

Uma outra razão para o fenômeno reside no impasse entre a globalização, comandada pelas grandes corporações transnacionais, e o questionamento das fronteiras das políticas nacionais de regulação. Para Márcio Pochmann, o grande número de reformas trabalhistas registradas desde a década de 1980 converge justamente com os interesses predominantes dos grandes grupos econômicos. “Os exemplos são infindáveis da preferência competitiva de grandes empresas por países de contida tributação oferecida ao capital, com menor custo do trabalho praticado e mais rebaixado sistema de proteção ambiental”, ressalta.

A proliferação recente de trabalhos precários e do desemprego da mão de obra mais qualificada seria uma terceira explicação para a atual desvalorização do trabalho. Em função disso, de acordo com o professor, a aceitação de qualquer forma de trabalho com baixos rendimentos tem validado a precarização generalizada dos postos de trabalho, inclusive para trabalhadores mais escolarizados.

Por último, o pesquisador da Unicamp cita o mito que projeta o fim do emprego da mão de obra devido ao uso de robôs. Para ele, seria mais uma falácia para justificar a desvalorização do trabalho. “O desenvolvimento tecnológico está ligado diretamente ao emprego; e não o contrário”, considera.

Para justificar seu argumento, Mário cita levantamento da Federação Internacional de Robótica, que trata da automação no processo produtivo no mundo. Segundo esse estudo, os países com maior presença de robôs são justamente aqueles cujo funcionamento do mercado de trabalho encontra-se próximo do pleno emprego. É o caso, por exemplo, do conjunto dos cinco países com maior estoque de robôs no mundo (China, Japão, Coréia do Sul, Estados Unidos e Alemanha), que registra baixa taxa de desemprego (inferior a 4% da força de trabalho).

“O progresso técnico não implica fim do emprego, mas a mudanças do conteúdo do trabalho, bem como a ampliação do nível ocupacional associada à repartição dos ganhos de produtividade gerados pela inovação tecnológica, que permite tanto produzir mais com menor custo como imobilizar a concorrência com ampliação da margem de lucro”, entende.

A aula magna com o tema “A Questão do Trabalho no 1º Quartel do Século XXI” contou com a presença de magistrados, servidores e advogados. Seu conteúdo pode ser assistido na íntegra por meio do canal do TRT/CE no YouTube.